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Violência Doméstica – Post #4

Olá meus queridos?!!!??

Estamos aqui para mais um relato dentre muitos que li na intenet sobre a violência doméstica.

Esse relato não é do  Brasil… Mas isso nos mostra que nimguém está livre e que muitas vezes nos vemos sem reação diante disso tudo. O que sinto diante disto e que as almas gritam por socorro e que se veem perdidas e sem forças para sair. Mas nunca é tarde!!!

Denunciem!!!!!

o-relato-de-uma-mulher-que-foi-vitima-de-violencia-domestica

 

Poderia escrever sobre mil coisas, mas hoje, devido a tantas notícias de violência que tenho lido, o ideal é escrever sobre ti.
Não te sintas lisonjeado com isso, muito pelo contrário. Eu não vou escrever que eras um querido, que me protegias das pessoas más e que só querias o meu bem, Não. Eu vou finalmente revelar o terror que passei contigo. Mostrar às pessoas que afinal não eras um príncipe, mas sim um lobo em pele de cordeiro.
Durante muito tempo acreditei que aquilo a que me sujeitavas era uma forma de gostar, de cuidar. Para mim que nunca tinha conhecido outro tipo de relação, aquilo era normal. Aquela proteção excessiva onde controlavas até o que dizia fazia-me, bem no início da relação, acreditar que tudo não passava de um amor raro. E no fundo seria isso mesmo, um amor raro, porque não é normal amar assim.
Senti durante muito tempo uma culpa enorme pelo que acontecera, e claro eu tenho culpa. Porque se no primeiro tapa que me deste, eu te tivesse denunciado, as coisas não teriam chegado ao extremo a que chegaram. Sempre me questionei, o que teria eu feito para me espancares tantas vezes. Acreditei que o erro estava em mim, dizias vezes sem conta que era eu que te provocava, que te dizia coisas que não querias ouvir, que não fazia as coisas da forma como querias, que te sentias na obrigação de me educar á tua forma e que eu teria de aprender muitas vezes com agressão. Que estúpida fui, acreditar que realmente eu tinha algo de errado comigo e que teria de mudar e fazer tudo da tua forma para não me bateres. Aqui a única pessoa que estava mal eras tu, tu é que eras um monstro, que me batias noites a fio, mas que na rua fingias ser um bom cidadão, um bom filho e bom amigo. Eras homem o suficiente para me bater, mas nunca o foste para mais nada.
O tempo que vivi contigo foi o mais desgastante da minha vida, vi mais tarde que provavelmente envelheci mais dez anos naquela relação. Chorei noites inteiras sem tu ouvires, às vezes depois do massacre eu nem conseguia tomar banho com as dores no corpo.
Em todas as divisões da casa, a casa de banho era o único sitio onde nunca me tinhas tocado, por isso tornou-se ali o meu local de abrigo. Trancava a porta, deixava a água do chuveiro correr para que não me ouvisses e ficava ali, enrolada no chão a sufocar nas minhas lagrimas.
Lembro-me do primeiro tapa que me deste. Foi dado com tanta força que pensei que a cabeça me tinha sido projetada para fora do resto do corpo. A minha cara ficou a arder largos minutos. Prometeste que nunca mais se repetia, que estavas nervoso. Mas repetiu, vezes e vezes sem conta, cada vez a piorar mais. De uns tapas começaram a ser também uns puxões de cabelo, uns pontapés, uns murros, foi de tudo. Prometias sempre que seria a última vez, ambos sabíamos que era mentira.
Havia sempre um motivo novo, para que me batesses outra vez. Até ao dia que decidi reagir, e bater-te também. A raiva falou mais alto e no meio daquela confusão consegui atingir-te. Depois disso perdi os sentidos. Acordei não sei quanto tempo depois com uma arma apontada a cabeça. Juras-te que se o meu ato se repetisse me matavas. Fiquei em pânico, vi a minha vida acabar ali mesmo em frente aos meus olhos e eu nada tinha feito para evitar isso. Disse que te denunciava, que toda a gente ia saber de tudo. A tua reação foi o que eu já esperava, que não tinhas medo nenhum da policia e que eu iria acabar bem mal na cama de um hospital, que por mais queixas que desse, as sovas que me davas ninguém as tirava.
Vivia apavorada. De cada vez que te ouvia chegar a casa o coração quase me saía pela boca, tremia dos pés á cabeça, evitava estar na tua presença, tinha medo de falar, tinha medo de te olhar, de respirar perto de ti. Queria fugir daquela vida, daquela casa, daquele medo que não me deixava dormir, mas sem saber porquê as pernas paralisavam, a coragem desaparecia e o medo tomava conta de mim mais uma vez.
Aguentei-me assim mais uns tempos, até que vi que o meu corpo não aguentava mais marcas de maus tratos, o meu coração já não tinha gota de sangue, e o amor que um dia senti já não era amor, nem ódio, nem pena, nem nada, era indiferença. E então fugi. Levei pouco, porque daquela casa com aquelas memórias nada queria. Lembro-me do medo que passei nas primeiras semanas. Medo de te encontrar na rua, medo de dormir porque podias arranjar forma de descobrir onde estava. Mas não o fizeste. Não me procuraste. Não sei porquê, mas deixaste-me ir, e então eu soube o que era viver outra vez. Provei novamente o sabor da liberdade. Nessa altura imaginei um pássaro a fugir de uma gaiola, a satisfação que deve ter, foi a que eu tive. Eu podia voltar a ser eu. A ter opinião, ideias, princípios, podia finalmente viver em função do que eu achava correto e não do que outra pessoa achava para mim.
E sabes uma coisa? Agora estou numa relação feliz. Onde ninguém aprisiona ninguém. Ao contrário do que tu me dizias, outro homem conseguiu gostar de mim.
Entendi finalmente que a culpa do que se passou não foi por eu ser uma má namorada nem algo do género, foi sim porque tu eras má pessoa e eu burra deixei aprisionar-me no teu mundo de loucuras. As coisas podiam ter dado certo entre nós. Porque eu amei-te. Talvez se te orgulhasses de deixar flores no meu coração, em vez de nódoas negras no meu corpo, poderíamos hoje estar juntos. Mas tudo acontece com um propósito. Acredito que isto me tivesse acontecido para eu poder dar voz a muitas mulheres que não têm coragem de gritar, como eu não tive durante muito tempo. Quem está de fora julga muito facilmente as mulheres que sofrem de violência doméstica, mas nem sempre é fácil falar. Eu peço-vos que falem. Porque eles não vão mudar. Depois do primeiro estalo, tudo piora. E se pensarmos bem, já nos basta fazer parte da estatística de violência domestica, não queremos com certeza fazer parte das vítimas mortais. Só custa dar o primeiro passo, acreditem, que depois de passarem a porta, e saberem que não estão no alcance dele, tudo se torna mais fácil. Somos muito mais que um saco de boxe. Somos mulheres, lindas, o mundo é tão mais que um par de estalos ao fim do dia. Corram, fujam dessa prisão.
Tudo vai melhorar a partir daí.
E para ti meu querido, eu não te desejo mal nenhum. Fica sabendo que no meu corpo já não existem marcas nenhumas, agora já posso vestir um vestido. Também não tenho marcas feias no meu coração, sou forte de mais para te dar o gosto de me deixares marcada profundamente. Hoje só me lembro de ti para ajudar outras pessoas. E nem imaginas a mulher fantástica que perdeste.”

 

Abraços e meus querido e fiquem com Deus!!!

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