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Violência Doméstica – Post #5

Olá meus queridos, como vão?

Estamos aqui para falar ainda sobre a violência doméstica… Nesse depoimento, infelizmente  houve vítimas fatais e as que restaram… Não sei se foi melhor assim. Mas eis aí…  Quantas mulheres, filhas, mães, sobrinhas vão morrer, serão violentadas, abusadas, depressiadas, tratadas como objetos e marcadas para o resto da vida por seus algozes em nome deste “amor”?

“O meu caso ocorreu em 1987, quando eu tinha 19 anos. Uma noite, eu acordei com o meu padrasto atirando, disparando contra a minha mãe. Ele morava com a gente já fazia uns 13 anos. E matou a minha mãe com um tiro na nuca. Depois, atirou na minha irmãzinha, que tinha 15 anos. Ela morreu segurando na minha mão. Éramos quatro irmãos: eu; meu irmãozinho, de 11 anos; a minha irmãzinha, de 15 anos; e meu irmão, de 16. Depois de matar minha mãe e minha irmã, ele atirou no meu irmão. Nós morávamos num sobrado. A minha reação foi abrir a janela e gritar por socorro. Mas como não aparecia ninguém, eu pensei em pular a janela. Foi quando o meu irmão falou: ‘Tata, eu não estou conseguindo mexer as pernas’. Então, eu voltei, não pulei. E perguntava para ele [o padrasto] por que ele estava fazendo aquilo. Naquela noite, não havia tido uma briga, não havia tido nada. Mas ele continuou atirando. Então, para que ele não atirasse mais no meu irmão, eu tentei fechar a porta do quarto. Ele estava no corredor. Meu irmãozinho menor estava também fora do quarto e eu gritei para ele correr. Ainda sobrou uma fresta na porta. Ele [o padrasto], então, recarregou a arma e descarregou em mim. Eu tenho um tiro na mão, porque eu segurei a arma. E último tiro que eu lembro de ter levado foi na perna, porque eu gritei e caí. Meu irmão ainda falou: ‘Tata, finge que está morta porque ele ainda pode atirar na nossa cabeça’. Eu deitei com a cabeça perto do meu irmão. E ele [o padrasto] foi tomar banho. Meu irmãozinho, o mais novo, já tinha fugido. E ele [o padrasto] foi atrás dele, mas uma vizinha o escondeu. Hoje, a gente não tem mais notícia dele [do padrasto]. Meu irmão ficou paraplégico e morreu dois meses depois. Meu pai biológico também entrou numa depressão muito grande e morreu um mês depois de meu irmão. Ficamos eu e meu irmãozinho na luta. Eu fiquei sem andar quase dois anos. Fiquei com sequelas graves. Quase não tenho sensibilidade na minha perna esquerda do joelho para baixo, eu sinto muitas dores desde então, eu desenvolvi um quadro de depressão muito forte e, agora em 2008, eu fui diagnosticada de sarcoidose, uma doença autoimune rara. Alguns médicos dizem que é de fundo emocional, outros dizem que é genética. Isso fez com que meu corpo ficasse muito pior. Engordei quase 40 quilos, hoje eu uso órtese, uso bengala… Acho, inclusive, que é importante falar sobre esses desdobramentos da violência doméstica. O momento é horrível, mas o desdobramento desse momento é muito pior. A dor é muito pior, a percepção de mundo fica muito diferente. E precisa ter muito cuidado com isso para que a gente consiga aprender a lidar com a situação.”

 

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